quarta-feira, 27 de junho de 2012

PRIMEIRA MULHER ELEITA PELO VOTO LIVRE


XLV  NOITE   DOS   DESTAQUES DO ANO
2012


Dona Aldamira Fernandes (Prefeita de Quixeramobim-1958)  e
Célia Maria Leite (Presidente do CCAPBrasil).

• Porque o nome da comenda Aldamira Guedes Fernandes? Minha amiga-colaboradora Célia Maria Leite Presidente do CCAPBrasil, pesquisou, e, em 1958, no município de Quixeramobim Estado do Ceará, elegeu a primeira mulher no Brasil pelo voto livre para o cargo do Poder Executivo (Prefeita), não por falta de homens, e sim por eles reconhecerem que existia uma mulher, capaz de vencer o seu adversário.

Os    homenageados  na  Noite   dos  Destaques   são  indicados   por   vários
segmentos da Sociedade Cearense, através de uma comissão criteriosa, e, da coluna que subscrevo, como jornalista Flávio Torres do O Estado (Fortaleza-Ceará). Podemos citar as  Personalidades Cearenses que
 tiveram os seus nomes nos Troféus Destaques do Ano,   tais como: Luíza Távora, Jonas Carlos Silva, Tereza Gomes, Raimundo Luiz, Romeu Prado, Eridan Mendonça e outros.


Este Ano acontecerão eleições municipais  e,  para resgatar a História Política Brasileira, foi aclamado, por todos da Comissão, que o “XLIV Troféu Destaque do Ano” levará o nome da Senhora Aldamira Guedes Fernandes (89 anos de idade), a primeira mulher a assumir o Poder Executivo, no dia 12 de outubro de 1958, em Quixeramobim, município localizado no sertão central do Ceará, por meio do voto livre. Assumiu a prefeitura de 25 de março do ano seguinte. Ela foi de fato e de direito popular, a primeira mulher brasileira a se tornar prefeita através das urnas.


Foi eleita pelo Partido Social Democrático (PSD), anos mais tarde transformado no Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com a Constituição de 1988, o partido recebia   mais  uma   letra,   surgindo   o   Partido  do   Movimento Democrático   Brasileiro  (PMDB).

O Troféu Aldamira Guedes Fernandes foi entregue durante a “XLV Noite dos Destaques do Ano” a Personalidades Cearenses que se destacaram em suas atividades em prol da sociedade em geral, em um jantar requintado com música ao vivo, que aconteceu no dia 13 de setembro no Teka`s Buffet.



Dona  Aldamira  e  Margarida Borges (Primeira Delegada  Polícia Civil do Brasil)

  

HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL - PODER EXECUTIVO  E  LEGISLATIVO                               
Nós mulheres conquistamos o direito de votar no Brasil. O Decreto nº.  21.076, de 24 de fevereiro de 1932, instituiu o Código Eleitoral Brasileiro, e o artigo 2º disciplinava que era eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo. Faz somente 80 anos que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais.  Mesmo assim, na época a conquista não foi completa. A legislação permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar. Essas restrições só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, a lei não tornava obrigatório o voto das mulheres. Apenas o masculino. As mulheres só passaram a ter a obrigatoriedade de votar em 1946.                                                                       

Em 1997, o Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral, por meio da lei 9.504. Em 2009 essa legislação seria reformada, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 30% de mulheres nas chapas proporcionais.





Dra. Carlota Pereira de Queiroz, primeira deputada federal do Brasil, eleita por São Paulo em 1933.    Sua projeção na política paulista surgiu durante a Revolução Constitucionalista de 1932.  Ela organizou um grupo de 700 mulheres e junto com a Cruz Vermelha deu assistência aos feridos nesta guerra civil.    Esse trabalho serviu de semente para uma vida pública, com deputada federal.



Do outro lado do globo, a Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a conceder o direito ao voto as mulheres no ano de 1893, as quais tinham direitos políticos no âmbito municipal desde 1886.Na América Latina, o primeiro país que concedeu o voto as mulheres foi o Equador em 1929.


O Rio Grande do Norte portanto foi primeiro 
Estado brasileiro a conceder o voto à mulher. As duas primeiras mulheres alistadas como eleitoras no Brasil foram  as professoras 
 Celina Vianna de Mossoró     














   e Júlia Barbosa de Natal, ambas do Rio Grande do Norte. 




Lages-Rio Grande do Norte - 1928




Também seria potiguar a primeira prefeita do Brasil, Luíza Alzira Teixeira Soriano, eleita no município de Lages, em 1928, aos 32 anos, disputou as eleições pelo Partido Republicano. Venceu o pleito com 60% dos votos. Tomou posse em 1º de janeiro de 1929, quando também se tornou a primeira mulher a assumir o cargo na América do Sul. Entretanto, como fora eleita pelas regras de decreto do governador do Estado, como previa a lei naquela época. Com a Revolução de 1930 perdeu o mandato por não concordar com as exigências do governo Getúlio Vargas.








Dona Aldamira Fernandes e Maria das Graças(sua filha - Princesa)







E o que valeu como eleita e que ficou no cargo 


foi Aldamira Guedes Fernandes, em Quixeramobim. Aos 12 de outubro de 1958 a 13ª junta apuradora da Justiça Eleitoral da comarca de Quixeramobim/CE declarava encerrada a apuração dos votos para o cargo majoritário no município sertanejo situado a 206km de Fortaleza. O extrato da ata geral anunciava Aldamira vencedora do pleito para o Poder Executivo local. Com maioria absoluta de votos, 59%, comemorava a conquista, sendo empossada no dia 25 de março do ano seguinte. No Brasil, pela primeira vez, uma mulher assumia o cargo por meio do voto.

Dona ALDAMIRA (centro) - Quixeramobim-1958




Princesa Isabel - Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon. A primeira mulher a exercer o mais alto posto de poder no Brasil carregava várias mulheres no nome. A Princesa Isabel, ficou conhecida como “redentora dos escravos”, mas acumulou outro título: o de primeira mulher a administrar o Brasil. Filha de dom Pedro II, esteve a frente do governo durante as viagens do pai ao exterior. Em maio de 1888, Isabel assinou a Lei Áurea acabando com a escravidão.







No ano 2010 o Brasil elegeu pelo voto Dilma Roussef como sua primeira presidente, e hoje as mulheres estão à frente de dez ministérios, entre eles a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, chefiada por Eleonora Menicucci, que tem status de ministra.

HISTÓRIA É CULTURA


FONTES:

sábado, 16 de junho de 2012

CCAPBrasil Desenvolve o Turismo Sustentável e Religiosa - CASA DE PEDRA


CASA DE PEDRA

Comunidade rural quer preservar recanto turístico

03.06.2012 DIÁRIO DO NORDESTE - REGIONAL



Caverna em Madalena é atração para visitantes, mas precisa de ações de conservação ambiental para toda a área
Madalena. Os moradores do Assentamento Umarizeiras, uma comunidade situada na localidade de São João dos Guerra, a mais de 40Km do Centro de Madalena, no Sertão Central, estão preocupados com a preservação da Casa de Pedra, um conglomerado de cavernas naturais existente naquela área rural, concedida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a famílias de lavradores ali residentes. O lugar, considerado por muitos a principal atração turística do Município, mesmo distante das principais rodovias da região, está atraindo cada vez mais visitantes, na maioria, jovens. Mas quando saem deixam rastros de sujeira e cicatrizes no exótico patrimônio natural, ainda pouco conhecido.

Casa de Pedra: "salão da princesa prateada", um dos pontos místicos do lugar Fotos: Alex Pimentel
Uma das principais preocupações é com a pichação das rochas. Como não conhecem a formação dos minerais não sabem se as marcas podem ser raspadas sem danificá-las. Das declarações de amor a propagandas políticas, as manchas do descaso com a natureza estão se multiplicando nas paredes de pedra. Tem até mensagens religiosas. Alguns começaram a levar alguns pedaços de minerais como suvenir. Em troca, costumam deixar lixo espalhado. Para dificultar ainda mais a preservação, as correntes de ar arrastam sacos plásticos e até as garrafas pets para locais de difícil acesso.

A presidenta da Associação Comunitária dos Produtores de São José dos Guerra, professora Jovina Oliveira Celestino, considera o turismo ecológico muito importante. "A Casa de Pedra é um dos lugares ideais para esse tipo de atividade. Mas deve ser realizado com responsabilidade. Os visitantes são bem vindos, mas é preciso organizar, orientar e conscientizar quem parte de longe para conhecer o lugar, os seus mistérios e manter um inesquecível contato com a natureza". Por isso, a Associação pretende cercar todo o entorno das cavernas e coordenar as visitas. Os grupos serão acompanhados de guias da comunidade.

A ação conta com a parceria do Centro Cultural de Arte Popular e Apoio ao Desenvolvimento Educacional e Social (CCAP Brasil), uma Organização Não Governamental (ONG) fundada há quase 20 anos na vila de São José da Macoaca, também em Madalena. Para a presidenta da CCAP Brasil, a psicóloga Célia Leite, o incremento proposto viabilizará o lazer de qualidade, a interação com outras comunidades e também a geração de renda para os moradores da circunvizinhança do parque geográfico. O lugar também é ideal para a realização de pesquisas de campo, científicas e históricas. Ainda falta muita coisa a explorar, mas sem dúvida é necessário ter controle, caso contrário o patrimônio natural estará comprometido, acrescenta.

As anfitriãs têm razão. Um dia de caminhada não é suficiente para conhecer a Casa de Pedra, como o recanto ficou conhecido por possuir vários salões, alguns deles semelhantes a ambientes bem familiares, com mesa e cadeiras, de pedras. A arquitetura natural deslumbra qualquer aventureiro. Mas é preciso ter disposição e usar calçados, roupas e equipamentos adequados para montanhismo. Além dos caminhos, os mais dispostos poderão escalar os rochedos. A flora e a fauna são atrações à parte. Morcegos, cobras e até onças aparecem de vez em quando. Por isso é preciso estar acompanhado de quem conhece os segredos da vivenda natural.

Quem nasceu e vive no lugar estima uma área superior a 7Km de extensão de labirintos rochosos formados ao longo de milhares de anos. Mas ninguém sabe ao certo quantas cavernas existem naquele espaço geográfico. Certos mesmos apenas os salões da "Princesa", dos "Namorados" do "Boi" e de "Nossa Senhora". Não bastassem todas essas riquezas, algumas inscrições rupestres já foram encontradas nas galerias naturais de São João dos Guerra, garante o acadêmico de História Valquimar de Oliveira. Resta, porém, o interesse de especialistas em aprofundar as pesquisas. Por enquanto apenas curiosos têm explorado as esculturas naturais.

Como chegar
Segundo os antigos da região, os tropeiros utilizavam o caminho da Casa de Pedra para seguir de Quixeramobim (antigo Campo Maior) a Santa Quitéria. Nos dias atuais, para chegar até lá é preciso invadir o Município de Itatira. Quem parte de Fortaleza, da Igreja Sagrado Coração de Jesus, são 176km pela BR-020, até a Vila São José da Macaoca. À direita, são mais 28Km de asfalto, pela CE-366, até Lagoa do Mato, em Itatira. Dali até o destino final é preciso percorrer mais 17km, de estrada carroçável. A Casa de Pedra é na antiga caieira do lugar, área de limite entre Itatira e Madalena, mas é patrimônio deste último Município.

Patrimônio
"Temos um valioso tesouro em nossas mãos, mas para ele não perder a sua riqueza é preciso conservá-lo"
Jovina Oliveira CelestinoProfessora

"É importante as pessoas terem a consciência de preservar este lugar porque ainda resta muita coisa a ser explorada"Valquimar de OliveiraAcadêmico de História

Mais informaçõesAssociação Comunitária dos Produtores de São José dos Guerra
Assentamento Umarizeiras / Madalena - Ceará
(85) 9244.7198

Mitos e mistérios do imaginário
Madalena. Além de suas riquezas naturais, a Casa de Pedra possui outros atrativos muito peculiares. Um deles é um místico portal de acesso ao lugar, o "cemitério de anjinhos". De acordo com os moradores mais antigos, o campo-santo, com algumas cruzes de madeira, recebe esse nome porque era costume sepultar os recém-nascidos, mortos antes de serem batizados, fora dos cemitérios. Eram considerados anjinhos.

O conjunto de galerias formadas pela natureza deslumbra os visitantes da Casa de Pedra. Ao mesmo tempo é possível contemplar a geografia, a flora e a fauna
Muitos morriam de diarreia nos primeiros meses de vida. Quem ousasse em desrespeitar as leis da Igreja Católica era amaldiçoado. O costume se preservou por décadas. Ainda hoje ocorrem sepultamentos ali, segundo afirma a professora Jovina Celestino.

Fatalidade
Na década de 1950 aconteceu uma fatalidade ao lado do parque santo. No mesmo espaço havia uma caieira em plena atividade. Certo dia um trabalhador caiu dentro do forno. Era o jovem Miguel. Ele havia trocado a escola pela caieira para ajudar no sustento da família, lembra o sobrinho José Mauro de Moraes Campos, hoje com 53 anos. Ele também mora nas imediações da Casa de Pedra. Desde criança, José Mauro tem ouvido falar histórias sobre o operário "sacrificado" na caieira.

Milagres
Com o passar dos anos, os mais religiosos começaram a pedir milagres no local onde o jovem deu seu último suspiro. Para muitos ele foi sepultado ali, onde está cravada a maior cruz, ao lado da caieira. As preces começaram a ser atendidas e a crença no operário santificado pelo povo se fortaleceu e se espalhou.

A cada dia aumenta o número de peregrinos, parte deles são estudantes como ele, em busca de sucesso nos estudos. Essas manifestações levaram a comunidade a tomar mais uma decisão. Os moradores, juntamente com a Organização Não Governamental (ONG) Centro Cultural de Arte Popular e Apoio ao Desenvolvimento Educacional e Social (CCAP) Brasil, pretendem erguer naquele local a capela de São Miguel Arcanjo, e transformá-lo em um espaço ecumênico e de meditação.

Mas se do lado de fora podem contar com um santo, do lado de dentro tem muita assombração. Quem mora próximo à Casa de Pedra já ouviu gritos e gemidos saindo de lá. Alguns acreditam serem de almas penadas, outros, coisa sem explicação mesmo.

De certo poucos se aventuram em adentrar ali ao escurecer. Se não houver nenhum fantasma ou coisa do além pode der gente do mal. "Certa vez um bando de assaltantes utilizou as grutas como esconderijo. A polícia cercou o local, mas quando entraram nas cavernas não encontraram nada. Os criminosos desapareceram, sem deixar rastros". Existe ainda a lenda da princesa do sorriso prateado. Ouvir falar mal dela ninguém ouviu, até porque quem teve a oportunidade de se deparar com o misterioso vulto não esperou para ver direito. Mas para os mais céticos trata-se apenas de um efeito visual, provocado pelas frestas de luz a determinada hora do dia nos rochedos do salão onde ela teria sido vista. Dependendo do ângulo, quando alguém caminha sobre as rochas, ao ser atingido pelos raios solares, o corpo parece reluzir. Por esse motivo o lugar ficou conhecido como "salão da princesa prateada".

Fundo de verdadeNessas histórias Antônio Celmino Oliveira não acredita. Ele também não acreditava na lenda da botija. Ainda criança ouvia os pais falarem num andarilho misterioso. Teria escondido um vaso de metal, contendo moedas de ouro, num dos salões da Casa de Pedra. Alguns até falavam em uma extensa corrente do metal nobre, de ouro, até atravessava a estradinha ao lado. Não conseguiu pegar um pedaço dela não, mas guarda com carinho uma das moedas encontradas por ali, de 400 Réis, segundo ele, de prata. "Moro aqui há 20 anos. Ao longo dos anos as pessoas podem ter exagerado, mas com certeza esses contos devem ter um fundo de verdade".

Susto
Mas é sentar um pouco no batente do alpendre da morada de João Bernardo Barbosa, 72 anos, outro vizinho da Casa de Pedra, para voltar a se assustar novamente ou no mínimo se impressionar com os causos de assombração. Mas para ele visão tem em todo canto. Certa vez, estava fazendo caçada quando seu cachorro adentrou nas locas atrás de um tatu. Para sua surpresa passou a ouvir um galo cantando. Era meia-noite, mas mesmo assim tomou coragem e entrou também. Não encontrou mais nada. Nessas horas todo mundo se assusta. Se ainda está vivo para contar essas histórias é porque não lhe fizeram nenhum mal. Mesmo assim ele não recomenda adentrar nas locais, principalmente em noite sem lua. No escuro o susto é maior, alerta.

Moradores
104 famílias moram no Assentamento Umarizeiras. Para quem quer visitar a Casa de Pedra, 221Km é a distância rodoviária de Fortaleza até o local

Mais informações
CCAP Brasil
Rua Raimundo Silva Sousa S/N
Vila de São José da Macaoca - Madalena
(85) 9664.4422

ALEX PIMENTELCOLABORADOR
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

O CORPO DE CRISTO (CORPUS CHRISTI)


       A festa católica do Corpus Christi, celebrada numa quinta-feira após o domingo da Trindade, tem sua origem no século XIII, quando uma freira belga teve um sonho revelador




Imagem de Santa Juliana de Liège


A festa de Corpus Christi (Corpo de Cristo, em latim) deve sua origem a uma freira agostiniana belga, Juliana de Mont Cornillon ou Juliana de Liège (1193-1258). No começo do século XIII, a religiosa teve algumas visões: em uma delas, a Igreja teria aparecido no semblante de uma lua cheia, mas atravessada no meio por uma faixa escura, como se faltasse uma festividade. Numa outra visão, o próprio Cristo teria pedido que ela se empenhasse para a criação de uma solenidade em homenagem à Eucaristia.
Foi o que Juliana fez: escreveu a várias autoridades religiosas na Europa do tempo. Até que, em 1246, um sínodo da diocese de Liège instituiu a festividade, limitando-a ao seu território. A história da festa, todavia, estava destinada a ter uma continuação surpreendente. 
Entre as pessoas consultadas por Juliana estava o eclesiástico Jacques Pantaléon, também da província de Liège, que aprovou o pedido da freira e trabalhou para a instituição da celebração. Anos depois ele foi nomeado bispo e, mais tarde, Patriarca Latino de Jerusalém e em 1261 foi eleito papa, com o nome de Urbano IV.

Milagre motivou expansão da festa
Sem dúvida, o novo pontífice conservava dentro de si a recordação da festa instituída em sua terra natal e talvez já pensasse em estender sua celebração à toda a Igreja, mas um evento surpreendente veio acelerar as decisões. Em 1263 ou 1264, um sacerdote da Boemia, durante uma peregrinação na Itália em direção à Roma, tomado de dúvidas a respeito da presença real do corpo de Cristo na Eucaristia, celebra uma missa numa igreja da cidade de Bolsena. Durante a celebração, a hóstia se transforma em carne e algumas gotas de sangue caem no corporal - o pano de linho que se estende sobre o altar. Impressionado, esconde carne e sangue no tecido, deixando-o na sacristia. Depois, sabendo que o papa se encontra a poucos quilômetros, na cidade de Orvieto, o procura e lhe narra o acontecido. Recuperadas as relíquias do milagre, elas são mostradas ao povo: a grande comoção que tomou conta da cidade levou à construção nas décadas seguintes da grande catedral de Orvieto, onde desde então as relíquias são conservadas.
O evento foi um motivo a mais para Urbano IV se decidir a instituir em 1264 a festa do Corpus Christi como solenidade a ser celebrada por toda a Igreja. O encarregado pela composição dos textos litúrgicos para a nova festividade foi um dominicano que também se encontrava em Orvieto naquele momento: Tomás de Aquino. Ainda hoje, ressoam, em ocasião da benção com o Santíssimo Sacramento nas igrejas católicas, as estofes do Tantum Ergo Sacramentum, por ele compostas.

Por quê quinta-feira?
Claramente, a presença real do corpo de Jesus no pão eucarístico e de seu sangue no vinho, após a consagração da missa, vinha sendo proclamada pela fé da igreja desde os primeiros séculos e os primeiros concílios, mas a nova festividade foi reforçando esta convicção. Ainda mais quando, no começo da Idade Moderna, a Reforma protestante discutirá essa presença, interpretando a missa como uma simples ceia comemorativa, e não como a reapresentação sobre o altar do sacrifício extremo de Jesus. Então, ostensões públicas da hóstia consagrada e procissões eucarísticas foram se multiplicando.
Ainda hoje os católicos celebram esta festividade na quinta-feira que segue ao domingo da Trindade, primeiro domingo após o dia de Pentecostes. Uma quinta-feira: afinal, esse tinha sido o dia da semana em que fora instituída a Eucaristia, na ultima ceia que Jesus consumiu com seus apóstolos em Jerusalém, na véspera de sua morte.
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